Editorial

Venho informar-vos que em breve irei desactivar o presente blog. Aquilo que nasceu de uma brincadeira, para comemorar o Campeonato Nacional dos juniores, tornou-se, num veículo de informação do nosso Clube.

Todavia, o CDPA merece um projecto melhor, mais completo, e actualizado com maior frequência.

Uma última palavra para os vários redactores, que aqui actualizavam a Vossa informação: obrigado.

A partir de hoje, visite: www.cdpacoarcos.com

Miguel Alpendre

16 de julho de 2007

À Conversa Com.... Diogo Valença

Esta Semana fomos conversar com Diogo Valença, responsável
pelo ensino do Jiu Jitsu, que tantas medalhas tem dado ao Clube.
Pode apresentar-nos a modalidade “Jiu-Jitsu”?
Diogo:
O Jiu-jitsu é uma arte marcial com origem na India cerca de dois mil anos a.c. Foram os monges desta região que impossibilitados pela religião de se defenderem com armas que inventaram esta luta corpo a corpo. Da Índia o Jiu-Jitsu rapidamente chega ao Japão, e é neste império que tem o seu maior desenvolvimento, através dos nobres e samurais, que quando perdiam a sua espada, se defendiam com esta nobre arte.
Em cerca de 1920, um diplomata japonês chega ao Brasil e na sua bagagem leva também a mestria do Jiu-Jitsu. Rapidamente começa a ensinar a um grupo de 4 irmãos estas técnicas japonesas de defesa pessoal. Mas entre eles, Hélio Gracie, o mais franzino dos 4, não consegue aplicar na prática as referidas técnicas por falta de compleição física.
É então que depois de muito estudarem as técnicas tradicionais, eles descobrem que se aplicassem um sistema de alavancas aos golpes aprendidos, esta questão de falta de força seria posta de lado, pois facilmente uma pessoa pequena e frágil ganharia num combate a outra mais pesada e forte.
É desde esta altura e até aos dias de hoje, que no Brasil, o Jiu-Jitsu cresce e evolui. Dentro do Brasil já quase toda a gente conhecia o Jiu-itsu, mas a comunidade mundial não. Para inverter isso, e por questões de marketing, a família gracie, na década de 90 desafia mestres de outras artes marciais a lutarem em combates sem regras com membros da família gracie.
O resultado foi desastroso para as outras artes marciais, porque assim que os adversários deixavam de ter distância para aplicarem socos ou pontapés, eram agarrados, levados para o chão e forçados a renderem-se.
Royce Gracie, o grande “herói” desta era, derrotou diversos especialistas de outras artes marciais, sem nunca verter uma gota de sangue dos seus adversários. Isto tudo aconteceu nos USA, e com uma cobertura mediática à altura, foi a melhor publicidade que alguma vez poderia ter acontecido. Rapidamente o Jiu-Jitsu começou a ser um complemento ou mesmo a arte marcial de eleição de muitos atletas e forças de segurança espalhadas pelo mundo inteiro.
Mas como desporto é importantíssimo separar o Jiu-Jitsu do Vale Tudo O Jiu-jitsu desportivo e por nós praticado é um tudo similar ao Judo. Aliás, o que muitas pessoas não sabem, é que o Judo foi inventado por um mestre de Jiu-jitsu que a este retirou os golpes mais traumáticos e assim criou o desporto olímpico. No nosso caso, onde o Judo acaba, começa o Jiu-jitsu. É nesta altura que um enorme leque de chaves (luxações) a quase todas as principais articulações do corpo (cotovelo, pulso, ombro, omoplata, joelho, tornozelo e calcanhar) e estrangulamentos (pescoço) surgem e não param de evoluir.
O mais interessante da nossa arte é que está sempre em mutação e todos os dias surgem coisas novas. A nível mundial é a arte marcial em maior crescimento, e para isso basta ver os campeonatos nacionais, europeus (realizados em Lisboa) e mundiais (no Brasil e nos USA) que cada vez atraem mais atletas e patrocinadores. É um verdadeiro espectáculo.
Convido desde já os leitores a experimentarem um treino desta viciante e completa arte marcial
Também podem dar uma olhadela no nosso site http://www.graciebarra-pa.com/

Parece ser uma modalidade muito violenta. É verdade? A partir de que idade se pode praticar?
Diogo: Quando me falam em modalidades violentas lembro-me logo do futebol, râguebi e desportos do género. A maoria dos meus alunos lesionam-se fora dos treinos ou das competições de Jiu-Jitsu. O jiu-jitsu tem tanto de violento como o Judo ou o Karaté e qualquer criança de 3 anos pode começar a praticar esta modalidade.
A violência não está na arte marcial em si, mas nas pessoas que a praticam.
Quem visitar a nossa classe percebe de imediato que o que ensino no Jiu-itsu, além da técnica são os princípios de respeito e humildade e confiança.
Quando treinamos por exemplo uma chave de braço ou um estrangulamento que pode causar danos muito graves no nosso parceiro de treino, é fundamental que estes valores estejam presentes.
Não se pode é confundir violência com eficácia. O jiu-itsu é um desporto/arte marcial muito eficaz na defesa pessoal e luta corpo a corpo.
Além disso, entre os nossos atletas temos pessoas de todos os estratos sociais, e seria complicado por exemplo para um Eng.º ou um Dr. chegar ao emprego com um olho negro ou um braço partido.

O CDPA ganha frequentemente títulos nesta modalidade. Quais os mais importantes e a que se deve tais sucessos?
Diogo: Temos entre os nossos atletas títulos europeus e nacionais. Eu próprio já fui campeão nacional duas vezes e europeu uma. Nas outras competições que entramos, trazemos sempre medalhas. Ainda à um mês e pouco, com 10 atletas trouxemos 8 medalhas
Penso que o método de treino é muito importante. Treinamos muita repetição e damos muita atenção aos pormenores. Gostamos de técnicas simples e com utilidade prática.
Acima de tudo também dou toda a liberdade aos alunos de partilharem conhecimentos, e todos evoluímos bastante com isso. Muito mais do que uma relação de aluno professor, existe uma relação quase familiar, o que proporciona excelentes resultados.

Projectos para o futuro?
Diogo: Gostava de levar um dia uma equipa de atletas ao campeonato mundial.
Sei que é um projecto que se trabalharmos com tempo, temos todas as possibilidades de sucesso!
Em segundo lugar gostava de começar a dar aulas a crianças, pois é nestas idades de os níveis de aprendizagem são maiores, e é a única maneira de a modalidade crescer a sério no nosso país.
Infelizmente em 40 ou 50 atletas que já treinei, apenas 2 tinham menos de 20 anos, o que demonstra que temos de inverter a situação. Infelizmente não tenho actualmente muito tempo disponível para este segundo projecto, mas quem sabe no futuro.