ANDEBOL
HoJe ReMaTo Eu ...
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O contra-ataque da nova geração
Devia ter uns 11/12 anos quando decidi, juntamente com umas colegas da minha escola, experimentar jogar andebol no Paço de Arcos.Não íamos levar aquilo a sério, era só mesmo para preencher algum tempo livre e ter mais liberdade, mais tempo fora de casa.Éramos cinco raparigas da mesma turma, andávamos sempre juntas e resolvemos praticar uma actividade desportiva igual.Fomos treinar no escalão de Iniciadas, aquilo até parecia fácil, mas conjugar a mão, com o pé com que rematávamos não parecia assim tão fácil na prática. Ao princípio era só rirmos umas das outras, parecíamos umas atarantadas.Bem, após alguns treinos lá começámos a conseguir fazer algumas coisas. Acabámos por só ficarmos duas das cinco porque as outras não simpatizavam com o andebol, foi pena!Estive no Paço de Arcos em todos os escalões, começando nas Iniciadas até às Seniores.Passei excelentes momentos no meu clube. Lembro-me que ia ver os jogos de todos os escalões. Naquela altura havia todos os escalões, em masculinos e femininos, o que dava para ver jogos todos seguidos durante quase todo o fim-de-semana.Apoiávamo-nos uns aos outros! Era lindo ver o Pavilhão cheio de gente, desde atletas até adeptos e pais dos atletas.Tínhamos uma grande garra e um amor muito grande pelo nosso clube e pela modalidade, claro!Vibrava cada segundo do jogo, cantava até ficar sem voz e sentia cada vitória como se fosse um jogo que eu estivesse a jogar…e ficava triste quando algum escalão não ganhava o jogo.Tinha alturas em que entrava no pavilhão às duas da tarde e só saía de lá às oito da noite, e não me fartava! E se houvessem jogos no dia seguinte ía ver novamente.Lembro-me uma vez que as Seniores Femininas iam jogar à Anadia para a Taça de Portugal e alguns de nós, tanto femininos como masculinos, fomos apoiar a equipa das Seniores. O Clube arranjou um autocarro para irmos apoiá-las. Fizemos um género de fitas azuis e brancas e pintámos a cara de azul e branco e lá fomos nós todos contentes da vida.Tive muitas vitórias e algumas derrotas, ri-me, chorei, diverti-me, aprendi a partilhar, a saber jogar em equipa, tive bons e maus momentos, aprendi a socializar ainda mais. Aprendi muito com o andebol e com quem me treinou. Cada treinador tinha algo a ensinar e a todos eles eu agradeço tudo o que fizeram e influenciaram no meu crescimento interior.No andebol éramos todos muito unidos, éramos como uma “família”. Começando pelo roupeiro, treinadores, seccionistas, fisioterapeutas, atletas, pais dos atletas, todos nos dávamos bem e juntos lutávamos pela vitória do P.A.. Era bonito de ver e quem viveu naqueles tempos percebe bem o que eu digo!Fazíamos todos parte da mesma equipa e não fazíamos distinções com ninguém, quer dizer, também éramos muito brincalhões uns com os outros, mas quando era a sério, ninguém nos parava!Havia respeito entre todos, inclusive os pais dos atletas.A última época no P.A., se não estou em erro foi a de 94/95, ganhámos quase tudo, menos o campeonato nacional…foi muito triste para mim!Ganhámos o Torneio de Abertura e Encerramento, o Campeonato Regional, o Torneio de Alcochete e o da Madeira, só faltou o Campeonato Nacional…Foi nessa época que recebemos a notícia de que o P.A. ía deixar de ter andebol feminino.Tive muita pena de ter de deixar o P.A., mas assim foi o entendimento na altura, foi de muita mágoa e tristeza para mim…Gostei de todos os momentos que vivi no P.A., foram momentos vibrantes e de muitas alegrias e bons para lembrar o resto da minha vida…e deixa saudades.Nos dias de hoje vejo um Clube “despido” e um pouco “vazio” de gente a assistir aos jogos, seja de que escalão for.Também compreendo que os tempos sejam outros e que talvez, por nem todos os atletas morarem perto do clube como antigamente era, seja mais complicado deslocarem-se ao pavilhão para assistir aos jogos.Vejo também num modo geral, que há pessoas empenhadas em denegrir a boa imagem e o valor do andebol, com atitudes negativas e anti desportivas, que “mancham” uma modalidade espectacular como é o andebol.Porém, resta-nos aqueles que ainda sentem a paixão pelo andebol, como eu, e talvez conseguir mostrar a quem não consegue ou não quer ver, que o andebol, principalmente nos escalões mais jovens, é para divertir, jogar e também educar!Infelizmente, nos dias de hoje vemos por vezes os mais novos a ensinar aos mais adultos como se comportarem em campo. Os papéis inverteram-se!!!Dos jogos que fui ver do P.A. actual, gostei do que vi, embora ache que os escalões mais jovens precisem de um bocadinho mais de “turbo” e noção de jogo de equipa. Falta-lhes ali um pouco mais garra. Por exemplo: “Estamos a perder por 10? Então vamos ganhar por 20 e mesmo que não consigam, pelo menos deram o litro para conseguirem”.Falta puxarem mais uns pelos outros, e a isto chama-se união. E a melhor resposta a dar é marcar e ganhar!Quem sabe, sabe, e é essa a grande diferença entre os espíritos!Precisam de treinar um pouco mais e estarem atentos ao que lhes é dito, o que vai na bancada não interessa, o jogo é o que se está a passar dentro de campo e é nesse que se devem concentrar. Não é para levarem a mal o que digo, é apenas um conselho de quem vê de fora.Mas não quer dizer com isto que as equipas não sejam boas, afinal o andebol do P.A. é só campeões, mas sendo bons, podem ainda ser melhores, para isso basta trabalharem e empenharem-se em cada treino. Pois os jogos são o reflexo dos treinos!Calha a todos vós contra atacar e mostrar que as novas gerações podem ser tão boas ou melhor das que já por aqui passaram.E temos equipas que voltaram a ressuscitar o andebol do P.A. o que é muito positivo!Se todos trabalharem para as vitórias acredito que seja possível voltar a ver um Pavilhão repleto de gente a aplaudir o P.A.Devo confessar que quando vejo o meu P.A. a jogar não consigo estar sossegada como se nada fosse, ainda vibro como antes e defendo os jogadores arduamente.Gosto do meu Clube, para mim o P.A. há-de ser sempre o Clube do meu coração, embora tenha passado por outros clubes, foi no P.A. que cresci e que aprendi muito do que sou hoje.Tenho confiança no P.A. e em todos os que colaboram para que o andebol volte à ribalta das vitórias.
Sónia Lourenço